sábado, 24 de novembro de 2007

Calavera – Ícone verdadeiramente mexicano


A personalidade humana dada às caveiras diferenciou Posada dos outros artistas que ilustraram a morte, pois ele retratou a sociedade rica e pobre, incorporando o verdadeiro sentimento mexicano em relação à morte.

Por esses motivos, as caveiras se tornaram um ícone verdadeiramente mexicano e ficaram ligadas as obra de José Guadalupe Posada, juntamente com seu estilo e crítica.

FIGURA: Gran fandango y francachela de todas las calaveras
FONTE: FONDO EDITORIAL de La Plástica Mexicana: 426.


FIGURA: Las bravíssimas calaveras guatemaltecas de Mora y Morales
FONTE: FONDO EDITORIAL de La Plástica Mexicana: 430.


FIGURA: Calavera de don Folías y el negrito
FONTE: FONDO EDITORIAL de La Plástica Mexicana: 424.

FIGURA: El purgatorio artístico
FONTE: FONDO EDITORIAL de La Plástica Mexicana: 419.

Sociedade – La Catrina


FIGURA: La calavera catrina
FONTE: FONDO EDITORIAL de La Plástica Mexicana: 433.

Nesta gravura, chamada “La Catrina”, uma de suas ilustrações mais difundidas e conhecidas, José Guadalupe Posada resume seus ideais de crítica e indignação com a burguesia, retratando uma senhora pertencente à classe mais rica da sociedade em forma de uma caveira sorridente, com um espalhafatoso chapéu, coberto de exuberantes plumas.

Com esta obra, Posada demonstra que o materialismo, a arrogância, a moda ou a riqueza de bens, não valem de nada, pois quando chegar a morte, todos, sem exceção se transformarão em caveiras.

Calavera – Posada e o povo mexicano


O povo mexicano admira as obras de Posada, pois encontravam nelas seus anseios de expressão e manifestação, de ira e desprezo, sem medo de punições, onde a única forma de conseguir a igualdade entre ricos e pobres na época, acontecia no momento em que se tornavam esqueletos na passagem da vida para a morte.

José Guadalupe Posada conseguiu interpretar e transmitir de maneira simples os sentimentos e a imaginação do povo, suas canções e histórias, alegrias e tristezas, e principalmente a insatisfação social. Desta maneira, ele estabeleceu um vínculo muito forte e uma grande identificação com o povo mexicano, pois seu trabalho foi diretamente voltado à sociedade, com o intuito de atingir e incomodar a alta burguesia, assim como os governantes da época.

Religião – A Morte


Podemos perceber a relação que os mexicanos têm com a morte, no dia dois de Novembro, com a tradição popular do Dia dos Mortos, pois ocorrem diversas manifestações diante do tema Morte, que se revelam na poesia, na música, na arte popular ou na culinária, com suas tradicionais “caveiras de açúcar” e com o pão de morto.

Pela tradição os mexicanos acreditam que as almas retornam com suas personalidades iguais de quando eram vivos, por isso seus gostos continuam os mesmo e são satisfeitos nas oferendas e as suas respectivas “caveiras” estarão sempre vestidas representando a profissão que o falecido teve em vida ou com acessórios que tornem a “caveira” parecida com o morto. A festa tem o propósito de preparar as crianças e os adultos com a idéia da morte, para que a aceite como parte inevitável da existência humana.

Para os mexicanos o culto aos mortos não é uma aberração do espírito, pelo contrário, é um ato de fé na eternidade do homem e de suas obras. Os mexicanos guardam consigo, a recordação de seus falecidos, porque reconhecem o melhor de cada um deles. Através do tempo o povo veio aprendendo a conservar a memória de todos aqueles que no passado lutaram pela liberdade, defenderam seus direitos ou foram mártires nas lutas. Dessa maneira, os mortais conquistam sua imortalidade.

Sociedade – Os sete pecados capitais


Vemos de novo a importância do texto nesta ilustração, que representa novamente a figura do “burguês”, que está sendo “assombrado” por sete demônios. Nessa gravura através da “metáfora”, Posada traz uma crítica aos princípios religiosos da burguesia, cada dragão que rodeia o homem bem-vestido representa um pecado capital, o gravurista evidencia cada pecado através do texto inserido nas figuras, abaricia, luxúria, pereza, ira, gula, soberba e envidia. Mais uma vez, Posada usa de uma única figura para representar as pessoas de uma “classe social”, nesse caso o homem representa a burguesia.

FIGURA: Espantosísimo y terrible acontecimiento en la ciudad de
Silao en los primeiros días del siglo XX
FONTE: FONDO EDITORIAL de La Plástica Mexicana: 177

Política – No vayas al gringo


FIGURA: No vayas al gringo – El Diablito Rojo, 1910
FONTE: FONDO EDITORIAL de La Plástica Mexicana: 385

Nesta figura, Posada desenha um córrego que separa o “povo”, composto por camponeses e trabalhadores do campo aparentemente liderado por uma figura do mal, no lado esquerdo. Do outro lado aparece o “Tio Sam”, com um chicote nas mãos, essa gravura significa a entrada dos investidores americanos no mercado mexicano, que mais uma vez é evidenciado com a utilização dos textos em suas metáforas. A figura mostra que tudo o que os estrangeiros trazem está sendo levando para o México, nas mãos do americano. Seguindo a linha do chicote temos a frase “Grandes Salarios en Dollares”, que quer dizer “Grandes salários em dollar”, demonstrando o poder que investidores tinham, no período que começaram a explorar o mercado mexicano, que teve inicio no porfirismo, onde o México se tornou dependente do capital externo para avanços tecnológicos e econômicos.

Essa gravura mostra ao lado do americano as possíveis conseqüências de sua chegada, com os textos escritos nas pedras que rodeiam o “Tio Sam” “enganaches” (enganações), “promessas” (promessas), “contratos leoninos” (era um termo para representar contratos exploratórios ou enganosos). O outro lado mostra “Republica Mexicana”, escrita aos pés dos personagens que estão aparentemente descontentes com a situação e seu “líder”, que mesmo sendo representado por um “demônio”, ainda resiste a essa situação com um tridente em suas mãos.

Sociedade – Corrupies, pueblo y tahures


José Guadalupe Posada sempre buscou uma interpretação rápida e direta, em suas gravuras, por isso em algumas gravuras, ele utiliza “metáforas” indicando a situação em que o povo se encontrava ou seu momento político. Nessas ocasiões, o gravurista faz uso da tipografia, na composição de suas ilustrações, para esclarecer os personagens de suas composições.

FIGURA: Gurrupies, pueblo y tahures - Gil Blas, 1893
FONTE: FONDO EDITORIAL de La Plástica Mexicana: 318


Percebemos essa abordagem, ao vermos esta figura, que mostra dois homens aparentemente bem vestidos sacrificando um terceiro homem em uma morça, mostrando como a “classe mais elevada” se aproveita do povo. É importante ressaltar que a maioria dos “significados” são indicados por textos, sempre inseridos esteticamente na composição.

A palavra “Corrupies”, que significa “Corruptos” aparece na roupa do homem que está no lado esquerdo. A palavra no plural traz esse personagem como o representante de toda uma classe social. No centro da ilustração a palavra “Pueblo” está escrita no corpo do homem que está sendo explorado, no lado direito do desenho um homem que também veste um traje que representa a burguesia, essa figura está recebendo os “recursos extraídos” do povo, e tudo vai para a cartola que está em suas mãos. Nessa cartola está escrito “Tahur” que significa “Jogadores” entre esses podemos classificar apostadores e outros praticantes de jogos típicos da burguesia. Esta figura nos mostra um ponto muito comum nos trabalhos de Posada, que é trazer figuras singulares como representantes de determinadas “classes sociais”.

Religião – O julgamento divino vem de baixo


No governo de Porfírio Diaz, o quadro do México se resume em duas vertentes: o Estado, que era orientado por regras e instruções assentadas na "ciência"; e o Povo, que era doutrinado pela conservadora Igreja Católica, que continuava tendo o monopólio da educação e da cultura.

A Igreja era extremamente orgulhosa de seu passado, e o alto clero foi o principal responsável pelo conformismo popular para com a dominação aristocrática, que após perder grande parte de seu poder, se tornou corrupta.

Uma das formas de combater essa injustiça foram os corridos, os jornais e as caveiras que Posada produziu para a imprensa satírica, assim como o jornal “El padre Padrilla”, que foi criada para combater a corrupção do clero, ou jornal “El Diablito Rojo”.

FIGURA: Las posadas em província – El Diablito Rojo, 1908.
FONTE: FONDO EDITORIAL de La Plástica Mexicana: 218.


Pode-se perceber claramente a crítica de Posada nesses trabalhos, que tinham como principal objetivo, avisar o povo mais humilde e analfabeto sobre os diversos abusos que o clero cometia aos custos do povo.

FIGURA: Lagran huelga de cocheros.
FONTE: FONDO EDITORIAL de La Plástica Mexicana: 204.

Já nesta gravura, Posada mostra o povo enfurecido jogando pedras em um membro do clero, que foge amedrontado em sua carruagem, juntamente com um texto que diz: “o julgamento divino vem de baixo”. Mais uma vez tentando alertar e incentivar a população mexicana a reagir com tais abusos.

Guerrilha – Miguel Hidalgo y Costilla Padre de la Independência


Em 16 de setembro de 1810, Padre Miguel Hidalgo passava por um período de pressão pelo governo central e decidiu proclamar independência, pois os planos independentistas tinham sido descobertos. Seu grito: “Viva a Virgem de Guadalupe! Morte ao mau governo! Viva Fernando VII!”, conhecido como o “Grito de Dolores” foi um pedido de luta contra os espanhóis.

Com isso, um gigantesco exército que apoiava Hidalgo se motivou e foi à luta, contando com o sucesso adiantado. Eram cerca de 300 homens, e em pouco tempo chegaram aos 30 mil, incluindo mulheres e crianças. Na medida em que aconteciam esses fatos, Posada não deixava de informar e transmitir essas mensagens ao povo através de suas gravuras.

Padre Hidalgo foi o comandante desse exército, avançou territórios e fuzilou qualquer europeu que encontrasse em seu caminho, mas em meio à guerra acabaram sofrendo algumas derrotas. Mais tarde, o padre foi afastado de seu cargo, chegando a ser capturado e posteriormente executado.

Podemos notar a grande admiração e respeito que o povo mexicano tinha e continua tendo até hoje, com a pessoa de Padre Miguel Hidalgo. Isso também é refletido na obra “Miguel Hidalgo y Costilla Padre de la Independência” de Posada, que descreve a execução de Hidalgo, pedindo para ser fuzilado de frente e que atirassem em sua mão direita encontrada sobre seu peito, demonstrando seu patriotismo acima de tudo. Foram precisas duas seqüências de disparos e um tiro de misericórdia para acabar com sua vida.

FIGURA: Miguel Hidalgo y Costilla Padre de la Independencia.
FONTE: THE UNIVERSITY OF HAWAI’I SYSTEM, on-line.

Religião – Nossa Senhora de Guadalupe


A religião cristã chegou a México com os conquistadores espanhóis, em 1519, mas a religião politeísta do povo Asteca já existia há mais de 40 mil anos. Eles acreditavam em outros Deuses, como a Lua, as Estrelas, o Sol, a Terra, o Céu, entre outros. Nesse período de colonização, o povo foi quase totalmente exterminado pelos novos conquistadores, mas nem mesmo com todo esse extermínio, a religião cristã pôde se estabelecer no México.

Eles não queriam abandonar seus costumes, até que um índio chamado Juan, encontrou uma jovem no monte, que lhe pediu para construir uma abadia. Desde então, ela foi conhecida como Nossa Senhora de Guadalupe a padroeira do México, se tornou o principal motivo da catequização em massa e se transformou na Santa mais querida e venerada pelo povo mexicano.

A santa de Guadalupe, assim como sua aparição ao índio Juan, também fizeram parte das ilustrações com sentido religioso dos trabalhos de José Guadalupe Posada.

FIGURA: Colóquio para celebrar as quatro aparições da Virgem de Guadalupe.
FONTE: FONDO EDITORIAL de La Plástica Mexicana: 201

Religião – A vida religiosa do povo mexicano


José Guadalupe Posada não apenas se restringiu em somente produzir gravuras com sentido político e social, pois ele também desenvolveu diversos cartazes, corridos e imagens, que retrataram um pouco da vida religiosa do povo mexicano, com denúncias ao clero e imagens de santos.

FIGURA: Excitativa a los católicos. Hoja suelta – Col. H. G. Casanova – gmt – 138x88.
FONTE: FONDO EDITORIAL de La Plástica Mexicana: 191.

Guerrilha – Gran Marcha Triunfal


José Guadalupe Posada realizou diversas ilustrações contra as corrupções políticas. Dentre esses trabalhos, destaca-se o cartaz “Gran Marcha Triunfal”.

Porfírio Diaz não queria correr riscos em seu regime, por isso no dia 7 de junho de 1910, Francisco Madero (um candidato de oposição ao governo de Porfírio) e Roque Estrada foram detidos e acusados de estimular a rebelião contra o atual governo. Madero foi transferido para a prisão do Distrito Federal e assim, as eleições puderam ser realizadas em meio à paz imposta pela espada e pelo terror.

Francisco Madero foi libertado após 45 dias, mas ficou sob vigilância, por isso em outubro, ele fugiu clandestinamente para a cidade de San Luis Potosí. A partir desse momento, o movimento maderista se convenceu de que a ditadura só poderia ser derrubada com uma luta armada. Então, os maderistas se deslocaram para San Antonio no Texas e redigiram o famoso “Plan de San Luis Potosí”, proclamando que todos os mexicanos levantassem suas armas contra a ditadura porfirista.

Em fevereiro de 1911, Madero regressou ao México e, comandando os exércitos revolucionários do norte, sitiou a cidade de Juarez. Preocupado em pôr fim ao derramamento de sangue, firmou com o porfirismo um tratado de paz segundo qual Porfírio Díaz renunciaria à presidência e os revolucionários desmobilizariam suas tropas.

Dessa forma, em outubro de 1911, foi assinado um acordo entre os maderistas e os federais, acarretando a demissão de Porfírio e do vice-presidente. Madero retornou ao México com um marcha triunfante pelo país, e depois de realizadas as eleições presidenciais, ele obteve uma vitória esmagadora.

FIGURA: Gran Marcha Triunfal.
FONTE: THE UNIVERSITY OF HAWAI’I SYSTEM, on-line

Sociedade – Jesús Bruno Martinez


José Guadalupe Posada produziu diversas ilustrações que envolveram os crimes realizados por Jesús Bruno Martinez, um assaltante que pertenceu ao grupo chamado “La Profesa”.

Ele roubou uma das principais joalherias da cidade do México e matou Tomas Hernandez Aguirre, cortando sua garganta. Martinez não conseguiu fugir e foi condenado à prisão de Belén.

FIGURA: Preparando la fuga de Bruno Martinez.
FONTE: UNIVERSITY LIBRARIES, on-line.


A gravura “Preparando la fuga de Bruno Martinez”, realizada por Posada, mostra um homem sussurrando ao ouvido de Martinez e três soldados ao fundo, momentos antes de fugir da prisão.


FIGURA: Corrido: Fusilamiento de Bruno Martinez.
FONTE: ART OF THE PRINT, on-line.


O corrido: “Fusilamiento de Bruno Martinez” foi gravado por Posada em 1892, mas só foi publicada em 1943 na Cidade do México por Arsacio Vanegas Arroyo. Na ilustração, vemos o esquadrão de fogo preste a fuzilar Martinez.


FIGURA: Cartaz: Fusilamiento de Bruno Martinez.
FONTE: FONDO EDITORIAL de La Plástica Mexicana: 263


Já na gravura deste cartaz, percebemos o esquadrão de fogo com seis soldados executando Jesús Bruno Martinez, que cai ao chão segurando um crucifixo, cujos olhos estão voltados fixamente para o alto. No canto direito existem três testemunhas e um padre, que observam este fuzilamento. Esses personagens, retratados por Posada, simbolizam que diversas pessoas presenciaram o fuzilamento de Bruno Martinez.

Sociedade – El Tigre de Santa Julia


Atualmente, o bandido: Jesus Negrete mais conhecido como “El Tigre de Santa Julia”, não tem mais uma grande repercussão no México, mas ele se tornou uma lenda graças à imprensa popular da época, aparecendo nos corridos e cartazes ilustrados por José Guadalupe Posada.

O Corrido “El Cancionero Popular”, ilustrado por José Guadalupe Posada, faz referência a Jesus Negrete como um dos bandidos mais famosos do México, no século XX.

FIGURA: EL Tigre de Santa Julia, El Cancionero popular. 1909
FONTE: UNIVERSITY LIBRARIES, on-line


Posada realizou também a gravura do corrido ”Fusilamiento del Tigre de Santa Julia”, mostrando o fuzilamento do bandido Jesus Negrete, que ocorreu no dia 13 de Junho de 1910. Na ilustração vemos que no canto esquerdo existe um retrato do busto de Negrete, e do lado direito aparece uma coluna de soldados apontando suas armas ao condenado, com o comandante oficial levantando sua espada.

FIGURA: Corrido: Fusilamiento del Tigre de Santa Júlia
FONTE: UNIVERSITY LIBRARIES, ON-LINE

Política – El Motín de los Estudiantes


Em meados de 1890, Posada formalizou um contrato com o editor Antonio Venegas Arroyo para trabalhar na “La Gaceta Callejera” que significa (A Gazeta das Ruas) e nessa mesma data surgiram as primeiras ilustrações de Posada nesse periódico. Algumas de suas gravuras se referiam aos motins “anti-reelecionistas” ao governo de Porfírio Diaz.

Venegas Arroyo se especializou com as gazetas populares, impressionando a população do México com matérias sobre catástrofes, crimes, escândalos religiosos, incêndios, processos sensacionalistas, peregrinações e milagres.

Na gravura “El Motín de los Estudiantes”, publicada na Gaceta Callejera de maio de 1892, Posada mostra o motim de estudantes liberais que eram contra a reeleição de Porfirio Diaz. Nessa ilustração visualizamos o momento em que os estudantes demonstraram honra ao revolucionário Padre Hidalgo, pois pretendiam invadir a catedral para soar o sino, mas foram repreendidos pela polícia, onde muito deles foram presos. Esse e muitos outros movimentos anti-reeleicionistas foram enfatizados por jornais e corridos ilustrados por José Guadalupe Posada.

FIGURA: José Motím de estudantes – La Gazeta Callejera. Número 1 – 1892
FONTE: FONDO EDITORIAL de La Plástica Mexicana: 40

Religião – La Pátria Ilustrada


Em 1875 Don Irineo Paz, um importante militante da Guerra de Reforma e contra o segundo império de Portífio Diaz, fundou na capital mexicana o diário “La Pátria”, proporcionando em 1881, o surgimento do periódico “La Pátria Ilustrada”, onde José Guadalupe Posada passou a combater a corrupção do clero e da Igreja, satirizando os abusos do governo e as intrigas políticas.

FIGURA: Calavera de mulher elegante – La Pátria Ilustrada, 1889
FONTE: FONDO EDITORIAL de La Plástica Mexicana: 419

Censura – El hijo de el Ahuizote


Naquele tempo, diversos periódicos estampavam críticas ao governo de Porfírio Diaz, por isso ele desencadeou uma forte repressão contra as imprensas independentes, ou a quem se atrevesse a questioná-lo. Muitos jornalistas foram assassinados ou presos, as publicações foram suspensas e as imprensas fechadas ou destruídas.

Diaz ordenou fechar “El hijo de el Ahuizote”, mas desafiando a censura, os editores voltavam a publicar o periódico com a mesma linha editorial, só que com um outro nome, então apareceram as publicações “El nieto del Ahuizote”, “El padre del Ahuizote” e “El bisnieto del Ahuizote”, que tiveram um tempo de vida muito curto.

FIGURA: Protesto nas oficinas do periódico antiporfirista “El hijo de El Ahuizote”, 1903.
FONTE: WIKIPÉDIA, on-line.

Política – El Mosquito Americano


Posada realizou diversos trabalhos que demonstram a indignação do povo mexicano, podemos perceber isso através de sua ilustração para o corrido “El Mosquito Americano”.

No período de industrialização, o México estava sendo explorado pelos norte-americanos, juntamente com alguns outros países europeus, que buscavam lucro e se empenhavam para que não houvesse mais quedas nas taxas de lucro. Nesta época, ocorreram fusões nas empresas ferroviárias, ocasionando o surgimento da Empresa de Estradas de Ferro do México, onde o governo mexicano possuía 50% das ações. Como os Estados Unidos estavam interessados no crescimento das redes ferroviárias, iniciaram um grande investimento ao lado dos ingleses e franceses.

A vinda desses novos investidores foi proporcionada pelo presidente Porfírio Diaz, que abriu as portas do México, visando o desenvolvimento da economia do país. Em seu regime, Porfírio não se preocupou com o lado social do povo, pois as construções ferroviárias permitiram com que as terras dos indígenas e camponeses fossem exploradas pelos estrangeiros, e como não possuíam os títulos de suas propriedades, o governo as vendeu, sem que houvesse qualquer tipo de acordo.

Essa inquietação social, vivida pela classe trabalhadora, foi retratada pelo corrido “El Mosquito Americano”, onde aparecem pessoas fugindo do ataque de cinco grandes mosquitos que fazem à alusão dos norte-americanos trazidos pela influência de Porfírio Diaz, para o desenvolvimento das ferrovias, e outros aspectos do crescimento mexicano. Por outro lado podemos ver que existe a possibilidade deste corrido estar ligado o termo Dólar Americano e fazendo referência à entrada dos Yankees no México, que atacaram todas as classes da sociedade.

FIGURA: El Mosquito Americano, 1903. 7,9 x 12,7 cm
FONTE: FONDO EDITORIAL de La Plástica Mexicana: 367

Posada - Biografia


O gravurista José Guadalupe Posada foi um dos maiores e mais influentes nomes que defenderam a democratização da arte. Considerado por diversos autores como o verdadeiro artista do povo e percussor do movimento mexicano nacionalista das artes plásticas.

Nasceu no dia 2 de fevereiro de 1852, na cidade de Aguascalientes, México, trabalhou na editora do escritor Irineo Paz, desenvolvendo muitas publicações, como: La Patria Ilustrada, Revista del México, El Ahuizote e Nuevo Siglo, fazendo desenhos e gravuras

Posada conheceu Antonio Vanegas Arroyo e seu filho Blas, e juntos fundaram os jornais El Centavo Perdido, El Teatro, La Gaceta Callejera e La Cacera, participando também de outros de oposição ao Governo como “El hijo del Ahizote”, “Argos” e “El Fandango”

Famoso por seus desenhos e gravuras sobre a morte, suas caricaturas políticas, interpretações da vida cotidiana e por adaptar outras técnicas de gravura ao seu trabalho, num contexto de 80% de analfabetismo.

Seu trabalho mostra um perfeito panorama da sociedade mexicana, que através dela é possível identificar os impactos da revolução nas mais baixas camadas sociais da população. Através de uma linguagem pictórica e de fácil interpretação

Posada sempre esteve a serviço do povo, por meio de uma linguagem de fácil interpretação tornava os acontecimentos relatados nos periódicos acessíveis até mesmo para a população não alfabetizada, que correspondia a 80% dos mexicanos, entre eles camponeses e operários

O auge de sua produção aconteceu no período de reeleição do ditador Porfírio Diaz até o final de seu mandato e ascensão do líder revolucionário Francisco Madero, foi nesse período que modificou suas antigas técnicas para trabalhar mais intensamente nos periódicos da “imprensa barata”. A maioria desses materiais eram em oposição ao regime porfirista e ao clero corrupto.

José de la Cruz Porfirio Díaz Mory, se tornou presidente pela primeira vez em1876, realizou mudanças constitucionais para eliminar a reeleição. Em 1880 foi eleito presidente Manuel González (amigo de Porfirio Díaz), que ajudou a realizar as reformas pertinentes para poder reeleger-se. Durante este período desempenhou um cargo no gabinete de Manuel González e depois foi governador da cidade de Oaxaca.

Graças às reformas feitas à Constituição de 1857, manteve-se no poder de 1884 a 1911. Governou o país ajudado por um grupo de políticos e intelectuais, denominados pelo povo como "científicos", por utilizarem métodos científicos para a administração do governo.

Desenvolveu a indústria, o comércio e o transporte a custo de uma dependência das potências estrangeiras, como o traçado das principais linhas férreas, das zonas mineiras aos portos.

Com a queda do apoio popular ao seu governo, foi forçado a renunciar em 25 de Maio de 1911.

Seu trabalho foi redescoberto uma década mais tarde por Jean Charlot e por outros artistas do muralismo e da oficina de gráfica popular. Suas obras se estenderam e foram reconhecidas fora das fronteiras do México, ganhando a Europa e toda América latina através da influência que representou para os muralistas.

Muralismo, pintura mural ou parietal é a pintura executada sobre uma parede, quer diretamente na sua superfície, como num afresco, quer num painel montado numa exposição permanente. Ela difere de todas as outras formas de arte pictórica por estar profundamente vinculada à arquitetura, podendo explorar o caráter plano de uma parede ou criar o efeito de uma nova área de espaço.

No México, a tradição milenar da pintura mural, também praticada por algumas culturas pré-colombianas, ressurgiu nas primeiras décadas do século XX, coincidindo com o movimento revolucionário. Os artistas da época viram no muralismo o melhor caminho para plasmar suas idéias sobre uma arte nacional popular e engajada).

Oficina de gráfica popular, movimento que representou diretamente o resgate de seus objetivos e exerceu forte influencia na criação de diversas oficinas de gravura em toda América Latina.

Para todos os seus sucessores o trabalho de Posada representou raízes sólidas de uma identidade cultural mexicana e postura política.

As tentativas de gravação do metal em alto relevo resultaram, em meados de 1850, na descoberta da Zincografia por Firmin Gillot. Está técnica foi uma evolução, pois permitia a reprodução com uma maior precisão de linhas detalhadas ou áreas chapadas.

A primeira técnica utilizada por Posada foi a litografia, iniciada em sua cidade natal Aguascalientes, aos dezenove. Trabalhou como litógrafo na imprensa de José Trinidad Pedroza que publicava um periódico chamado, El Jicote (1871).

Descoberta no final do século XVIII por Aloys Senefelder, dramaturgo da Bavária, que buscava um meio econômico de imprimir suas peças de teatro. A litografia é um método de impressão realizado a partir de imagem desenhada sobre uma base, em geral de calcário especial, conhecida como "pedra litográfica". Depois de desenhar com materiais gordurosos (lápis, bastão, pasta etc.), a pedra é tratada com soluções químicas e água, que fixam as áreas oleosas do desenho sobre a superfície. A impressão da imagem é obtida por meio de uma prensa que desliza sobre o papel

A zincografia consiste em desenhar sobre uma lâmina de zinco com uma tinta especial, para depois aprofundar os brancos com um banho de ácido. O banho de ácido transforma o desenho em clichê, pronto para ser impresso. A zincografia permite a utilização de recursos como luz e sombra, e meios tons, com a vantagem de que a matriz fica pronta para a impressão rapidamente. Posada foi o primeiro a cultivar a zincografia no México, com a qual foi possível ampliar a reprodução de suas notáveis obras

Posada e Trinidad Pedroza foram para a cidade de León em Guanajato, onde em sociedade montaram uma imprensa. Ali, em meio ao crescimento dos comércios e das indústrias, produziram anúncios, diplomas, embalagens e imagens religiosas. Em 1876, Posada e Trinidad Pedroza, romperam com a sociedade e Posada acabou se tornando o único dono da imprensa.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

José Guadalupe Posada - Don Lupe


Compreender as raízes do design gráfico mexicano e latino americano ainda é uma obra em andamento, por parte de diversos acadêmicos, estudiosos e profissionais da área.

Porém, todas as vertentes artísticas que originaram o design latino-americano mostraram um vínculo muito estreito com questões políticas e sociais, no final do século XIX e começo do século XX, grande parte dos movimentos artísticos do México estiveram voltados para a revolução, defendiam a “Arte para o Povo”, ou seja, a arte de caráter informativo, que denunciava e conscientizava a população.

Um dos maiores e mais influentes nomes que defenderam a democratização da arte, foi o gravurista José Guadalupe Posada, nascido no dia 2 de fevereiro de 1852, na cidade de Aguascalientes, México. Considerado por diversos autores como o verdadeiro artista do povo e percussor do movimento mexicano nacionalista de artes plásticas.

Célebre pelos seus desenhos e gravuras sobre a morte, suas caricaturas políticas e interpretações da vida cotidiana e atitudes do povo mexicano, através das “caveiras”, e por adaptar as técnicas de gravura ao seu trabalho.


A investigação de sua obra permite um perfeito panorama da sociedade mexicana, que através dela é possível identificar os impactos da revolução nas mais baixas camadas sociais da população. Através de uma linguagem pictórica e de fácil interpretação, Posada sempre esteve a serviço do povo, por meio de uma linguagem de fácil interpretação tornava os acontecimentos relatados nos periódicos acessíveis até mesmo para a população não alfabetizada, que correspondia a 80% dos mexicanos, entre eles camponeses e operários.

Posada tem o auge de sua produção no período de reeleição do ditador Porfirio Diaz até o final de seu mandato e ascensão do líder revolucionário Francisco Madero, foi nesse período que modificou suas antigas técnicas para trabalhar mais intensamente nos periódicos da “imprensa barata”. A maioria desses materiais era em oposição ao regime porfirista e ao clero corrupto.

Após sua morte em 1913, seu nome foi esquecido, embora seu trabalho continuou a aparecer de tempo em tempo na imprensa popular mexicana, sempre que um editor achava conveniente o reuso de suas chapas com suas gravuras.

Seu trabalho foi redescoberto uma década mais tarde por Jean Charlot e outros artistas do muralismo e da oficina de gráfica popular. Suas obras se estenderam e foram reconhecidas fora das fronteiras do México, ganhando a Europa e toda América latina através da influência que representou para os muralistas.

Foi homenageado também pela Oficina de gráfica popular, movimento que representou diretamente o resgate de seus objetivos e exerceu forte influencia na criação de diversas oficinas de gravura em toda América-Latina.

Para todos os seus sucessores o trabalho de Posada representou raízes sólidas de uma identidade cultural mexicana e postura política.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

TCC - Conceito


INTEGRANTES:
Adriano, Alessandro, Daniel, Denis, Diego, Diogo e Rafael.

Somos um grupo de designers e estamos realizando um Trabalho de Conclusão de Curso, que pretende mostrar a existência de um Design genuinamente latino-americano.

Conforme o desenvolvimento de nosso trablaho, iremos relatar alguma das principais experiências e o envolvimento com esse tema, a fim de divulgar e incentivar, nós designers latino-americanos, a trocarmos informações e buscarmos nossa própria identidade cultural.


Para a criação de nosso projeto, pesquisamos não apenas referências das “raízes do design” (que provem da Europa), mas também observamos o panorama artístico-visual da América Latina, que serão utilizados nos elementos projetuais e nas referências que farão parte do nosso desenvolvimento.

A primeira referência Latina que já vem sendo utilizada no projeto teórico é Ruben Fontana, designer e tipógrafo argentino, editor da revista “Tipográfica TPG”. Procuramos estender o uso dos alfabetos Fontana e Andalis desenvolvidas pelo próprio Ruben, usaremos fontes de outras foundries como Sud Tipos (Argentino) e Kimera (México).

Nossa produção visual pretende unificar os estudos que o grupo realizou com base na história do design mexicano e com o panorama atual das novas mídias e tecnologias da web. Todos os elementos característicos que foram pesquisados serão somados ao estilo do grupo, gerando uma linguagem autoral que potencializará a releitura dos elementos estudados.

Nas peças que serão desenvolvidas, mostraremos, através do trabalho de Posada, os conflitos políticos e sociais do povo mexicano e como o gravurista se empenhava com seus estudos e inovações a favor da gravura.

Esses serão os principais pontos a serem mostrados no trabalho final, e estarão divididos como “Sociedade e Política”, na peça gráfica; e a “Técnica e Linguagem”, na peça on-line.

A peça gráfica discutirá os pontos técnicos e estéticos da obra do gravurista, mostrando como o ele se “adaptou” as limitações técnicas em que foi submetido e como isso foi somado ao seu estilo, contribuindo para a construção de sua linguagem.

A peça on-line trará um estudo da obra de Posada inserida na sociedade e a maneira como ele trabalhava a serviço da revolução, possibilitando a discussão sobre a “função” do artista dentro do processo revolucionário. Ambas as peças demonstrarão a importância do gravurista e sua relação com o design.